III SEMINÁRIO PSICOLOGIA SOCIAL EM AÇÃO
HIERARQUIAS E A CIDADE: PRÁTICAS E RESISTÊNCIAS
NÚCLEO ABRAPSO BH
10 e 11 de Maio de 2012
Local: PUC/MG – Coração Eucarístico
APRESENTAÇÃO
O III Seminário Psicologia Social em Ação está sendo organizado pelo Núcleo ABRAPSO BH, fundado em 2010, e, atualmente, constituído por três subnúcleos: Subnúcleo PUC Coração Eucarístico, Subnúcleo PUC São Gabriel e Subnúcleo UFMG.
Os seminários “Psicologia Social em Ação” integram as atividades da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social) em Belo Horizonte. Até o II Seminário Psicologia Social em Ação, tínhamos a existência de dois Núcleos ABRAPSO na cidade: O Núcleo em Movimento e o Núcleo ABRAPSO UFMG. Após encaminhamentos propostos na Assembléia da ABRAPSO, realizada no II Seminário Psicologia Social em Ação, definiu-se pela reunião dos Núcleos até então existentes em apenas um Núcleo, com a função de contemplar ações conjuntas, debates contínuos, realização de eventos, congregar e promover espaços de diálogo entre estudantes, profissionais, acadêmicos, militantes, enfim, pessoas que se interessam pela Psicologia Social.
No I Seminário discutimos a relação entre o âmbito profissional, o âmbito da pesquisa/extensão e o âmbito da formação no que se refere à atuação da psicologia social. No II Seminário o foco foi a discussão acerca da interdisciplinaridade nas políticas sociais e suas interfaces com a psicologia social.
Neste ano, a temática que orienta o III Seminário é o debate sobre a manutenção e a reprodução de hierarquias na cidade. A partir do referencial e do saber-fazer da psicologia social buscaremos discutir a construção dos lugares sociais dentro da cidade, as práticas higienistas, os autoritarismos e as resistências produzidas pelos sujeitos, a partir dos seguintes temas: moradia, drogas e cidadania; direito à cidade e ocupação do espaço público; mobilidade urbana; e intolerância às diferenças no campo da sexualidade/gênero, e raça/pobreza. Portanto, a proposta do III Seminário Psicologia Social em Ação é refletir sobre a produção de hierarquias na cidade e as possibilidades de resistências.
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
HIERARQUIAS E A CIDADE: PRÁTICAS E RESISTÊNCIAS
A cidade, concebida na modernidade como lugar privilegiado da democracia, do progresso da civilização, da liberdade e da constituição do sujeito político, é também espaço de fragmentação, alienação, despolitização e anulação da cidadania dos sujeitos. As grandes transformações econômicas, sociais e culturais fazem da cidade, ao mesmo tempo, lugar de encontro de diferentes sujeitos e culturas, da convivência pautada na democracia, do conflito e da negociação, da constituição de identidades, e, também, da experimentação da violência, da segregação, do autoritarismo, da intolerância e da injustiça social. A cidade congrega em si, portanto, as contradições do mundo moderno: as experiências de regulação e de emancipação sobre os sujeitos e os movimentos de resistência às lógicas dominantes que buscam repolitizar a cidade. Entendendo a cidade como este lugar da sociabilidade democrática e, ao mesmo tempo, da negação da cidadania para determinados grupos sociais, tomando por base os referenciais da psicologia social, a mesa de abertura pretende refletir sobre a produção, manutenção e reprodução das lógicas hierárquicas existentes na cidade, as quais constituem modos específicos de saberes, práticas e resistências nas relações sociais.
GRUPOS DE TRABALHO/GT
Objetivo: Discutir sobre a produção de hierarquias e práticas de resistências no contexto das cidades. Os GTs serão constituídos em torno das seguintes temáticas: moradia, drogas e cidadania, direito à cidade e ocupação do espaço público, mobilidade urbana e intolerâncias à diferença (sexualidade/gênero; raça/pobreza).
Método: Cada GT tratará de uma temática específica e contará com dois mediadores, um acadêmico e outro militante de movimento social, os quais terão como função apresentar inicialmente (em torno de 20 minutos cada) um panorama relativo à temática do GT e mobilizar o debate em torno da mesma. Cada GT deverá responder a perguntas gerais relativas à atuação da psicologia social em cada uma das temáticas. Para cada um dos GT’s será convidado um relator, que será responsável por redigir as produções e proposições do grupo e apresentá-las, de forma breve (em torno de 10 minutos), na atividade “Ações em Debate”.
Grupos de Trabalho
- Moradia
Descrição: Este GT tem como objetivo refletir sobre os processos de exclusão social referentes às possibilidades de moradia nas cidades, tanto no que se refere à falta de moradia e suas implicações para o bem-estar dos sujeitos, quanto no que diz respeito a dicotomias como favela/asfalto, centro/periferia e a processos de desapropriação e programas de reassentamento produzidos na cidade.
- Drogas e cidadania
Descrição: Este GT tem como objetivo discutir as práticas segregatórias presentes nos discursos sobre drogas, marcados prioritariamente pelas lógicas da saúde e da segurança, e concretizados nas propostas de tratamento compulsório. Também pretende-se discutir os movimentos antiproibicionistas e a falência do modelo de prevenção hegemônico de “guerra às drogas”, tendo como contraponto as estratégias pautadas na política de redução de danos.
- Direito à cidade e ocupação do espaço público
Descrição: Este GT tem como objetivo discutir as práticas de higienização e modos de privatização do espaço público, bem como a resistência de grupos que se organizam para ocupar democraticamente a cidade.
- Mobilidade urbana
Descrição: Este GT tem como objetivo promover discussões acerca da mobilidade urbana, mais especificamente, sobre os meios de circulação que permitem e favorecem os deslocamentos dos indivíduos pela cidade. Busca contemplar e aliar políticas de transporte, circulação, acessibilidade a políticas de desenvolvimento urbano. A discussão pretende trazer à tona temáticas relativas ao passe livre estudantil, greves relativas ao transporte coletivo, acesso das pessoas ao que a cidade oferece e o impacto da imobilidade urbana na qualidade de vida.
- Intolerâncias à diferença I: sexualidade e gênero
Descrição: Este GT tem como objetivo discutir as questões referentes à diversidade sexual, prostituição, violências de gênero, turismo sexual e outras formas de intolerância no campo da sexualidade e do gênero. Pretende-se assim, debater as diversas cenas de preconceito e hierarquias associadas à temática da sexualidade e gênero na cidade.
- Intolerâncias à diferença II: raça e pobreza
Descrição: Este GT tem como objetivo discutir as lógicas hierárquicas de raça e classe social que produzem racismo, violência, segregação espacial e anulação simbólica de determinados grupos sociais dentro da cidade. O encarceramento da população negra, o extermínio de jovens negros, o racismo à brasileira, o expurgo contra os pobres e a violência contra os moradores de rua serão temas de debate neste grupo de trabalho, que também abordará as resistências produzidas pelos movimentos sociais e pelas políticas públicas.
AÇÕES EM DEBATE
Objetivo: Relato das problematizações levantadas nos GT’s a partir das perguntas formuladas, e construção de articulações e debates com o campo da psicologia social.
Método: Inicialmente um dos membros do colegiado gestor do Núcleo ABRAPSO BH convida o relator de cada GT para expor a discussão em torno das perguntas gerais, tendo cada participante em torno de 10 minutos para exposição. Após a apresentação dos dez participantes (um de cada GT) um dos membros do colegiado gestor do Núcleo ABRAPSO BH convida o(a) comentador(a) do “Ações em Debate” para conduzir o debate sobre as produções dos GTs.